domingo, 1 de fevereiro de 2009

O romance policial

Felipe Menezes

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva “decretou” quem caberá decidir o término das “discussões” diplomáticas de Brasil e Itália. A Suprema Corte brasileira. Cabe agora ao Supremo Tribunal Federal (STF) tomar a decisão-chave sobre o “escândalo-político-ideológico” da concessão de refúgio ao italiano Cesare Battisti, refugiado político, ex-militante de esquerda e escritor. Um homem de currículo fora do comum.

O fuzuê iniciou quando a Itália discordou da decisão de “boa-fé” de Tarso Genro conceder asilo político a Battisti. A atitude do ministro da Justiça, para os italianos, é de “má-fé”. Para Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano, o país continuará a tomar medidas para obter a extradição do ex-militante. Mas considera esgotada a negociação com o Executivo brasileiro. E, no entanto, quando a Itália pergunta: “por que o Brasil negou a extradição?”, surge o silêncio, do outro lado da linha.

Sempre positivista, Lula afirma que as relações com a Itália não foram e não serão abaladas. Mas persiste que a medida de Tarso foi “devidamente correta”. O “homem-polêmico” [Tarso] ressaltou que não está arrependido sobre a concessão de refúgio a Battisti, além de reclamar que foi mal-interpretado. “Novamente”.

Agora com a decisão nas mãos do STF, Berlusconi aposta no Poder Judiciário para reverter à concessão de refúgio a Battisti. O presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, disse que o ex-extremista terá decisão justa. Independentemente do resultado, terá bate-boca, outra vez. O fato consiste pela assimetria de ideias entre Executivo e Judiciário.

Enquanto Brasil e Itália discute, na prisão, Battisti reclama. Faz rezinga por ainda estar preso. Na Papuda, penitenciária em Brasília, onde reside atualmente, ele nega qualquer atuação dos crimes. Diz estar “apreensivo” com o seu futuro, além de declarar inocente. Vida difícil essa, hein?!

De fato, no cenário atual, tomar decisões precipitadas e sem o mínimo de cautela política se tornou “coisa” do dia-a-dia. Mas, como perceptível, ocorre que a imagem do país, lá fora, decai. Só resta saber quem será o favorito da trama.

Nenhum comentário: