quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A jovem guarda em 2010

Felipe Menezes

Desde o biênio de 1991-92, os peemedebistas lutavam para fazer a dobradinha política partidária no Congresso Nacional. Dezesseis anos depois, o PMDB ressurge das cinzas para tentar prosperar novamente, deixa o banco de reservas e reconquista a camisa oficial. Com Michel Temer (SP) na Câmara, e José Sarney (AP) no Senado, ambos pela terceira vez no cargo da presidência, o partido reestrutura-se e cresce. Sobretudo no Senado.

Quando Sarney lançou sua candidatura, Lula fez caso. Ficou “aborrecido”. Pensavam que os laços de amizade entre o senador e o presidente foram afetados. Mas engana-se.

Antes de o peemedebista candidatar-se a Presidência do Senado, Luiz Inácio Lula da Silva vigorava para que Tião Viana (PT-AC) fosse eleito. Assim daria equilíbrio no Congresso. Michel Temer (PMDB-SP) na Câmara, e o petista no Senado. Uma posição de equilíbrio justa.

Entretanto, Tião poderia ter sido eleito, caso o presidente da República decidisse não ter influenciado nas eleições. Mas, na verdade, Lula quem foi “influenciado”, devido à pressão de Sarney, que o fez mudar de ideia. Além disso, depois da aliança de PT e PSDB, o presidente caiu fora do barco. Caso Tião tivesse vencido, Lula teria problemas, pois apoiaria os tucanos em 2010. Sarney dá tranquilidade a Lula para a eleição de seu sucessor em 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

No entanto, Sarney saiu eleito da disputa devido não só por sua biografia, mas pela esperteza. Planejou o que iria dizer, mas, no último momento, optou pela “inspiração”, no qual ganhou forças na reta final pela criatividade. Mostrou-se (para os parlamentares) forte e mais do que preparado para ser o eleito. E sustentou: “Modesto, humilde, de boa convivência. Eu reconheço que há apenas uma coisa que eu não fiz nesta Casa: não consegui fazer um inimigo.” E caiu nas graças. Ganhou a eleição.

Tudo isso graças a Renan Calheiros (PMDB-AL). O establishment, como disse Arthur Virgílio (PSDB-AM), volta ao cenário político com força total. Para fortificar-se na Casa, o senador alagoano tentou re-eleger Garibaldi Alves (RN). Mas foi em vão. Aproveitou que Sarney recebia pressões de outros parlamentares, e, sem medir esforços, o “convocou”. Renan será o principal interlocutor da base governista junto a Lula. Com isso, ganha importância nas negociações para formação das chapas para a Presidência da República.

No fim das contas, o resultado, para o governo, foi mais do que satisfatório. A meta não é o 2009, mas 2010.

Nenhum comentário: